Novela da Record e série da Globo optam pela ação e pela polícia como suas protagonistasO caminho foi aberto pelo cinema. Depois, vieram as minisséries independentes na Globo. Em seguida, a Record entendeu que nesse mato havia coelho.
E, agora, a Globo, desta vez em produção própria.Podemos, mais simplesmente, classificar como "policiais" ou de "ação" a telenovela da Record "Poder Paralelo" e o seriado da Globo "Força-Tarefa". Mas também podemos pensar que nessas duas estreias recentes há uma tendência nova na teledramaturgia e que seu interesse extrapola a adrenalina da "ação".De alguma maneira, essas e outras novelas e séries ("Cidade dos Homens", "Vidas Opostas", "A Lei e o Crime") vêm tentando tematizar a violência que se tornou parte constitutiva da sociedade brasileira. Se os resultados nem sempre são ótimos, às vezes nem mesmo bons, pelo menos indicam uma vontade de buscar cenários, histórias e personagens mais verdadeiros.
A realidade, claro, nem sempre é a resposta para as deficiências da ficção, mas o desinteresse e o desprezo que muitos autores têm mostrado por tentar entender (e representar) melhor o que anda pelo mundo não têm feito nenhum bem, sobretudo, às telenovelas.Tematizando a violência, novelas e séries também conseguem buscar o telespectador pouco afeito ao ramerrame das intrigas amorosas que fazem o arroz com feijão da teledramaturgia. No centro de ambas, está a polícia. Mas qual polícia? A polícia, no imaginário moderno, é aquela instituição que serve mais ou menos para qualquer coisa -para representar a iniquidade das relações sociais, para decretar a falência das leis, para demonstrar a estupidez das relações autoritárias etc. É, portanto, matéria ficcional de alta qualidade.Na tradição do filme de gângster, em "Poder Paralelo" há um policial dedicado, um "intocável" a investigar um suposto mafioso.
A polícia aqui, mesmo que passe por cima da burocracia e transgrida aqui e ali o que a lei tem de burocrática, tem uma missão justiceira. No caso de "Força-Tarefa", o objeto de investigação é a própria polícia: trata-se de um grupo de elite da corregedoria encarregado de caçar policiais corruptos e criminosos. A tarefa, no caso, é quase metafísica: fazer a lei incidir sobre os homens da lei.A novela da Record começou melhor do que o seriado da Globo, com mais ritmo, agilidade e direção mais segura. A Globo tem melhores atores à disposição, além de contar com a liberdade e o tempo mais cuidadoso de um seriado. Mas ambos acertam em sair do estúdio e voltar-se para as ruas.
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